Tuesday, October 5, 2010

Ciência e tecnologia - Eleições

Como não poderia deixar de ser, as eleições têm dominado os veículos de comunicação tradicionais e virtuais. Apesar de estar fora do país, tenho acompanhado com interesse as discussões e até mesmo alguns debates. Neste post, comento algumas das minhas visões sobre os candidatos e as políticas de ciência e tecnologia (C&T), sob a luz de dois editoriais publicados recentemente na revista Nature, um dos periódicos de maior credibilidade na comunidade científica.

O primeiro deles, de junho deste ano, pode ser lido aqui (em inglês) e apresenta uma visão extremamente positiva sobre a política de investimentos do governo Lula em C&T. O artigo ressalta a produtividade científica do Brasil, mesmo quando comparada com as da Índia, China e Rússia, que conosco compõem os BRICs. Apesar de ter votado no Lula, fiquei realmente impressionado com a quantidade de investimentos no setor, construção de várias universidades federais, realização de concursos públicos e do aumento significativo da quantidade financiamentos para pesquisa. Francamente, não esperava tanto. Ressaltemos ainda a brilhante atuação de Sérgio Rezende a frente da pasta, sendo um dos principais catalizadores desta série histórica de mudanças que presenciamos nos últimos anos.

O segundo artigo, publicado alguns dias antes das eleições, fala novamente dos progressos do país sob o comando de Lula, enfatizando a importância da C&T na sua agenda, refletida nos números. Finalmente achei a informação que procurava:


No gráfico acima, retirado do artigo mencionado, vemos o investimento em C&T (barras vermelhas) representado em relação ao PIB (azul). Notem como a porcentagem do PIB alocado a C&T aumenta ao longo dos anos. Isso é uma resposta aqueles que acham que tais investimentos só aumentaram porque a economia vai bem. A economia vai bem sim, felizmente. Mas certamente podemos afirmar que a política de investimentos em C&T vai melhor ainda.

A autora do editorial especula ainda que uma eventual vitória de Serra não seria "necessariamente ruim". Necessariamente ruim, talvez. Mas provavelmente ruim. Basta analisar o gráfico acima e recapitular da situação da maioria das universidades públicas no período pré-Lula. Isso sem contar as inúmeras tentativas do governo FHC de sucatear as universidades federais. Também não simpatizo com a Marina, especialmente dadas as suas posições conservadoras contrárias ao aborto, pesquisa com células tronco embrionárias, casamento entre homossexuais, transgênicos etc. Todas devidamente fomentadas por seus ideais criacionistas. Quem quiser ler mais sobre o assunto pode checar aqui, aqui e aqui ou procurar mais fontes no Google.

Infelizmente não pude votar no primeiro turno. Se o tivesse feito, teria votado na Dilma. Meu voto é dela no segundo turno, que ocorrerá alguns dias após o meu retorno ao Brasil. Em tempo, a onda da investimentos em C&T foi um dos principais fatores que me fizeram prestar concurso e voltar ao Brasil, especificamente a minha querida UENF. Espero que esta fase continue, pois os frutos serão colhidos no futuro próximo na forma de uma nova geração de cientistas que semearão o desenvolvimento do Brasil. Neste post, me restringi a C&T. O aspecto político como um todo já foi bem discutido pelo Azenha, PH Amorim e, na esfera local, pelo pessoal dos blogs Outros Campos e Planície Lamacenta.

PS: Não deixem de ver a atuação sofrível dos trolls na parte de comentários dos artigos da Nature.

1 comment:

  1. OK, Thiago, tá valendo.
    Vou divulgar o blog por lá,

    abraços

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